Compensação de carbono em voos internacionais é tema de seminário multilateral da ANAC

A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) realizou na quarta-feira (23/2), o primeiro dia de um workshop sobre a exigência de compensação de CO2 em voos internacionais pelas empresas aéreas brasileiras. O ponto central foi a implementação do Esquema de Compensação e Redução de Carbono para a Aviação Internacional (Carbon Offsetting and Reduction Scheme for International Aviation – CORSIA), cuja obrigação de compensação iniciará a partir de 2027.

Antes disso, acontece a fase piloto, até 2023, e a participação voluntária no CORSIA, de 2024 a 2026, onde são feitos o monitoramento, reporte e verificação das emissões de CO2 nas rotas que envolvem o Brasil.

“Essa conta vai ter que ser fechada no País e nós, enquanto reguladores, precisamos estar atentos ao que os nossos regulados têm a dizer. O Brasil é dono de um potencial imenso na produção de diferentes combustíveis e devemos aproveitar essa característica como uma vantagem operacional”, afirma Luiz Ricardo de Souza Nascimento, diretor da ANAC.

SAC

Ronei Glanzmann, secretário nacional de Aviação Civil, apoia o mecanismo, mas argumenta que a solução definitiva é a produção em larga escala de biocombustível. “Vamos assinar dois Termos de Execução Descentralizada (TEDs), sendo o primeiro com a Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), pioneira na produção de biomassa e refino. Este termo, com recursos do Fundo Nacional de Aviação Civil, será para garantir o estudo de viabilidade econômica e colocar o combustível em linha de produção. Já o segundo TED é com a Agência Nacional de Petróleo (ANP) para equipar o laboratório deles, de maneira que a ANP possa fazer o processo de certificação dos combustíveis sustentáveis”, disse.

MME

Sobre a política pública de inserção do combustível de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês) na matriz energética brasileira, Renato Dutra, coordenador-geral de biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), afirma que existe uma complementaridade com o CORSIA, além de ser um tema relevante para o setor. “Neste processo há um grande número de agentes e de interesses, logo a gestão bem executada é um fator de sucesso para entregar resultados. Essa política, com ampla participação social, faz parte do programa Combustível do Futuro”.

Associadas ABEAR

Eduardo Calderon, diretor de Controle Operacional e Engenharia da GOL, destacou os esforços da companhia, incluindo o plano de neutralizar a emissão de carbono até 2050. “Em parceria com a MOSS, já lançamos duas rotas carbono neutro, que são Recife-Fernando de Noronha e Congonhas-Bonito, mas analisamos também o uso do SAF, que ainda esbarra no alto custo”. Já Lígia Sato, coordenadora sênior de Relações Institucionais e Sustentabilidade da LATAM Brasil, pontuou que a meta da companhia é ser carbono neutro até 2050 e compensar 50% das emissões domésticas até 2030. “Para isso, investimos em equipamentos mais eficientes, como o A320Neo, além de um sistema para otimizar a trajetória de pouso, que resultará em menor emissão de CO2 por aeronave”.

Também participaram do evento representantes da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês), Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR), Junta dos Representantes das Companhias Aéreas Internacionais do Brasil (JURCAIB) e a Azul.

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