Com mercado ainda em acomodação, dados consolidados da aviação brasileira seguem negativos em julho

Com o decréscimo de 5,20% da oferta consolidada de transporte aéreo doméstico em julho, o mercado chegou ao quarto resultado negativo consecutivo para o indicador nos comparativos mensais de 2019 com iguais períodos do ano passado. Depois de baixas superiores a 9% em maio e junho, o pior momento parece todavia superado. A demanda também apresentou queda de 4,55% no mês, terceira baixa seguida. Com a oferta em retração mais forte do que demanda, o fator de aproveitamento teve ligeiro aprimoramento de 0,58 ponto percentual, indo a 84,47% de ocupação das operações. O volume de passageiros também viu redução no mês, de 3,17%, totalizando 8,6 milhões de viagens realizadas (decréscimo de 281 mil passageiros).

Tal desempenho da aviação doméstica está principalmente relacionado à paralisação das operações da companhia AVIANCA, a partir do final de abril, e à consequente reacomodação do setor. Custos em patamar elevado, fortemente impactados pelo câmbio instável, também interferem no mercado e despertam atenção das empresas. Do ponto de vista estatístico, em perspectiva individual os resultados das companhias no mês foram positivos em geral. Os dados apresentados incluem as operações das associadas ABEAR (GOL, LATAM, MAP, PASSAREDO e TWOFLEX) e demais empresas atuantes no mercado nacional.

Acumulado no ano

Contabilizando sete meses do ano, a sequência de resultados consolidados ruins a partir de abril já impacta mais fortemente os números acumulados do ano. A oferta registra redução de 2,04%, enquanto a demanda mostra leve avanço de 0,14%. Em consequência, o fator de aproveitamento apura melhoria de 1,80 ponto percentual, situando-se em 82,59% de ocupação das operações. A quantidade total de passageiros no ano é pouco superior a 54,1 milhões de viajantes, número ainda 0,77% acima do que mesmo intervalo de 2018 (414 mil viagens adicionais).

MERCADO INTERNACIONAL

Assim como mencionado para o mercado doméstico, para o mercado internacional as estatísticas das associadas ABEAR são apresentadas juntamente com o agregado das demais companhias brasileiras. Este grupo de empresas representa cerca de 30% das operações aéreas internacionais envolvendo o Brasil. A parcela restante é detida por empresas de bandeira estrangeira.

A oferta de voos entre o Brasil e o exterior teve em julho o segundo resultado negativo consecutivo, baixando 2,57% em relação ao mesmo mês de 2018. A demanda, por sua vez, registrou pequeno crescimento de 0,85%. Por representar uma fatia minoritária das operações das companhias brasileiras, os números consolidados do mercado internacional mostram um impacto aparentemente menos pronunciado dos fatores mencionados acima. Mas, nos 12 meses anteriores a abril, oferta e demanda vinham crescendo a taxas médias de pelo menos 15%.

Da relação entre oferta em retração e demanda em tímido crescimento, resulta o fator de aproveitamento de 87,13%, com aprimoramento de 2,96 pontos percentuais. A maior ocupação da capacidade oferecida pelas empresas atuais explica o novo nível recorde de demanda no mês, para uma oferta que registra o segundo melhor resultado histórico de julho (inferior apenas a 2018). Esse aumento da eficiência também explica o crescimento do volume de passageiros internacionais transportados, da ordem de 2,17%, somando perto de 904 mil viagens no mês (pouco mais de 19 mil viajantes adicionais).

Na série histórica das aéreas brasileiras no mercado internacional, a demanda cresce de forma ininterrupta há 34 meses. O total de passageiros cresce pelo terceiro mês seguido. A oferta, que teve em abril finalizada etapa de 29 meses de expansão persistente, ainda aguarda a volta do crescimento.

Acumulado no ano

No acumulado de janeiro a julho, a oferta internacional tem expansão de 4,61%, para uma demanda reforçada em 6,13%. O fator de aproveitamento tem melhoria de 1,20 ponto percentual, ficando em 84,13% no período. O total de passageiros transportados é pouco superior a 5,5 milhões, com crescimento de 2,85% (incremento de cerca de 154 mil viagens).

TRANSPORTE DE CARGAS

As estatísticas de carga incluem as operações das associadas GOL, LATAM, LATAM CARGO e TWOFLEX, além do registro agregado dos transportes realizados pelas demais empresas brasileiras. Os números de MAP e PASSAREDO têm hoje caráter de registro estatístico.

A partir deste mês de julho/19 a metodologia de acompanhamento das operações cargueiras utilizada pela ABEAR foi alterada. Os dados divulgados pela associação passam a agregar movimentações de carga paga e correio transportados – até então os números publicado diziam respeito exclusivamente às cargas pagas transportadas. As planilhas mensais de 2019 e as estatísticas compiladas nas séries de anos anteriores estão sendo ajustadas conforme este critério.

O conjunto de empresas brasileiras transportou aproximadamente 36,9 mil toneladas de carga no mercado doméstico em julho (queda de 1,19%) e 17,6 mil toneladas no mercado internacional (baixa de 26,02%).

No acumulado dos sete primeiros meses do ano foram movimentadas 254 mil toneladas de carga em rotas domésticas (retração de 3,00%) e 133,5 mil toneladas nas rotas internacionais (recuo de 18,80%).

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