Aprimoramento de rotas vai trazer redução de custos e emissões para o setor aéreo

Uma comissão formada por membros do DCEA (Departamento do Controle do Espaço Aéreo) e representantes das empresas aéreas acaba de concluir um projeto para aprimoramento de rotas no país. Ao todo 180 rotas passarão por alterações em seu traçado, o que vai otimizar o fluxo do tráfego aéreo e também a redução do consumo das aeronaves em suas ligações. O primeiro encontro do CDM (Collaborative Decision Making) Rotas aconteceu em março, na sede da ABEAR, em São Paulo.

“Pela primeira vez um projeto deste porte foi desenvolvido em conjunto entre controladores de voo e as companhias aéreas”, explica o Major Juarez Franklin Gouveia, do Centro de Gerenciamento de Navegação Aérea (CGNA). O especialista em gestão de Tráfego Aéreo aponta que a contribuição das empresas é fundamental para se criar um modelo de trabalho que beneficie tanto a estrutura de gestão do espaço aéreo quanto a eficiência das companhias. “Hoje, nos igualamos a países como os EUA e Canadá, que já conduzem esse trabalho em parceria”, completa.

Essa reformulação surgiu de uma série de análises das empresas sobre o desempenho das aeronaves em determinadas rotas. Para o Cmte. Paulo Roberto Alonso, uma aerovia não precisa, necessariamente, ser uma linha reta para que seja a melhor opção. Ele explica que existem obstáculos naturais, como correntes de ventos em determinadas regiões que impactam o desempenho dos aviões. “Um dos principais efeitos é o aumento considerável no tempo de voo da viagem, que acaba refletindo no consumo de combustível na etapa”, detalha.

Quando o CDM Rotas começou, em março, as empresas aéreas haviam solicitado alterações em 239 rotas. No processo convencional, cabia ao CGNA analisar os pedidos e emitir um parecer técnico sobre cada um. Porém, com o modelo de trabalho colaborativo, cada alteração foi debatida pela comissão e efetuada mediante consenso, dentro das soluções técnicas sugeridas. Das solicitações, cerca de 75% foram atendidas, o que totalizou 180 alterações ou correções de rotas.

Um dos principais efeitos deste trabalho é uma redução mensal de aproximadamente 50 mil quilômetros (ou 91 mil milhas, que é a unidade usada na aviação) em todo o percurso realizado pelas aeronaves. A eliminação dessa distância adicional vai gerar impactos positivos relacionados ao consumo de querosene, emissões de gases e tempo de voo. Para o CGNA, o principal benefício é o aumento da fluidez do tráfego aéreo.

O próximo passo deste processo é a atualização do banco de rotas e o compartilhamento desses dados com as companhias aéreas. A implementação das alterações é rápida e estará disponível para as companhias já no início de janeiro e, no caso das rotas canceladas, os NOTAMs serão expedidos no final de novembro. Para as empresas brasileiras, o envio dos dados será feito diretamente pelo CGNA. No caso das companhias internacionais que operam no Brasil, a intermediação desse processo ficará a cargo da IATA. “Com os dados já cadastrados nos sistemas das aeronaves, o reconhecimento das aerovias é feito automaticamente, como se fosse uma atualização de dados do GPS”, explica o Cmte. Alonso.

Após a implementação, o trabalho passará por uma fase de maturação em um período entre três e quatro meses para acompanhamento e eventuais ajustes caso sejam necessários.

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