ABEAR repudia sobrevoo de drone no aeroporto de Congonhas

Incidente afetou dezenas de voos e milhares de passageiros. Prejuízos estimados partem das centenas de milhares de reais e podem superar um milhão
A aproximação de um drone sobre o aeroporto de Congonhas no início da noite de domingo (12/11) causou impacto em dezenas de voos das companhias integrantes da Associação Brasileiras das Empresas Aéreas (ABEAR). Até que fosse possível ter certeza da retomada das operações sem riscos, autoridades suspenderam pousos e decolagens. Isso gerou um grande impacto nas partidas e chegadas no aeroporto paulista, que se espalharam em cascata pela malha aérea, repercutindo até a manhã dessa segunda-feira.
 
O diretor de Segurança e Operações de Voo da ABEAR, Ronaldo Jenkins, cobrou uma ação contundente de punição para o responsável pelo ato. “Esse caso precisa servir de exemplo para educarmos a sociedade quanto ao perigo dessa atitude. Foi uma irresponsabilidade”, afirma. O comportamento pode ser enquadrado como crime  por colocar em risco a segurança do transporte aéreo ( tal como a soltura de balões ou o direcionamento de lasers às cabines dos aviões – Código Penal art. 261). Enseja, ainda, compensações de ordem civil para o pagamento dos prejuízos gerados. Somados os impactos para as transportadoras, para aeroportos, as dificuldades surgidas para os passageiros e outros custos indiretos para os diversos públicos afetados, o valor financeiro estimado do evento com o drone pode chegar a mais de um milhão de reais.
 
Jenkins explica que esse tipo de ocorrência gera um efeito dominó, que afeta os passageiros e traz prejuízos para as companhias e aeroportos. “Congonhas ficou fechado por duas horas, como é um dos principais aeroportos do país, as complicações se multiplicam”, comenta.
 
De acordo com o especialista, a ABEAR busca nesse momento estabelecer junto às autoridades (ANAC, DECEA e operadores de aeroportos) uma linha de ação para inibir e impedir a ocorrência de novos problemas. O alinhamento dos atores do setor ocorre em paralelo à solicitação da administração do aeroporto de Congonhas por investigação criminal.
 
O especialista destaca algumas das principais repercussões:
 
•            Milhares de passageiros em solo tiveram que aguardar para decolar em Congonhas ou para Congonhas;
•            Voos já em curso, que se destinavam para pouso em Congonhas, tiveram que diminuir a velocidade em rota, aguardar no espaço aéreo de São Paulo ou ser alternados (desviados) para outros aeroportos. Precisaram então aguardar em solo até poderem seguir definitivamente para Congonhas;
•            As esperas no ar e alterações de rota levaram a gasto extra com combustível;
•            Mudanças nas operações geraram custos adicionais com o pagamentos de tarifas aeroportuárias e aeronáuticas;
•            Em razão dos impactos à malha aérea, algumas decolagens tiveram que ser definitivamente canceladas. Para cumprir as operações seguintes, ainda no domingo ou na manhã dessa segunda, aeronaves tiveram que ser realocadas em voos improdutivos (sem passageiros) com novos gastos de combustível e tarifas;
•            Diferentemente de um problema meteorológico, que é de força maior, mas para o qual é possível haver algum tipo de preparação, o evento com o drone foi absolutamente imprevisível. Isso gerou um desafio para as companhias de administrarem muitas remarcações de forma repentina e imprevista;
•            As companhias tiveram que arcar com todas as obrigações legais de assistência aos passageiros afetados em todo o país.
 
São Paulo sediou, também ontem, o GP de Fórmula 1, o que acabou agravando o problema. “Muitas pessoas que acompanharam o evento iriam retornar para suas cidades. A demanda de passageiros era importante e isso acabou atrapalhando muito esse deslocamento”, finalizou.

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