ABEAR estimula aumento de fiscalização em SP para mitigar perigo aviário

Objetivos são prevenção de incidentes, redução de prejuízos e minimização de transtornos aos consumidores

A Procuradoria de Justiça do Meio Ambiente da Capital (cidade de São Paulo) e a Procuradoria de Justiça Cível de Campinas abriram inquéritos para averiguar a existência de eventuais irregularidades nos entornos dos aeroportos de Congonhas, Guarulhos, Campo de Marte, Viracopos, Campos dos Amarais e Aeroclube de Jundiaí que resultem em focos de atração de aves nessas proximidades.

A decisão foi resultado de um encontro entre representantes da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR) e do Ministério Público do Estado de São Paulo, em agosto de 2017. Na ocasião, a associação apresentou dados e informações com a finalidade de mostrar a importância do controle da fauna para mitigar os riscos de aproximações entre aves e aeronaves e garantir a concretização dos planos de viagem dos passageiros.

A partir da abertura dos inquéritos, as entidades de São Paulo e Campinas deverão investigar quais os locais onde há potencial de atração de aves e, na sequência, cobrar iniciativas de soluções dos órgãos responsáveis pelos locais. Lixões, entrepostos de pesca, matadouros, curtumes e todo o tipo de atividade que gere restos orgânicos e resíduos líquidos são exemplos típicos de focos de atração de aves em regiões próximas de aeroportos e que merecem atenção, especialmente quando acontecem de forma clandestina.

Marcos Diegues, consultor da ABEAR, lembra que governos municipais e os próprios aeroportos, em seu entorno, possuem as atribuições para controlar possíveis focos. “A prefeitura deve fiscalizar irregularidades, como lixões inadequados, por exemplo. Já o aeroporto deve tomar conta da sua área de responsabilidade, fazendo poda de gramado, evitando acúmulos de água”.

Números

De acordo com dados do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), em 2017 foram registradas 1.631 ocorrências de colisões entre pássaros e aeronaves comerciais em todo o país. O impacto pode acarretar em danos à fuselagem, radar e motores dos aviões. Isso prejudica a operação, podendo resultar em atrasos e cancelamentos, o que impacta o consumidor, além de gerar prejuízo financeiro para as companhias. A mera aproximação de um pássaro já pode motivar a execução de manobras evasivas, justamente para evitar uma colisão, o que por sua vez interfere na normalidade da operações. Entenda mais nesse vídeo.

Minas Gerais

A ABEAR terá um novo encontro na Procuradoria Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais, no dia 15 de março, para falar sobre o tema. Diegues diz que este é um dos estados prioritários para a tratativa. “Nosso objetivo é disseminar informações sobre a questão e sensibilizar a sociedade para o tema. Já tivemos sucesso com os aeroportos da cidade de São Paulo, Campinas e agora nossa atuação será no território mineiro”.

Custos

Não há no Brasil ou internacionalmente levantamentos precisos sobre os custos resultantes dos incidentes com aves. O principal problema para estimar os impactos monetários é a existência de diversos envolvidos (companhias aéreas, aeroportos) e de reflexos de diferentes tipos, entre diretos (reparos de um motor ou fuselagem de um avião) e indiretos (lucros cessantes, impactos à malha aérea e indisponibilidade de aeronaves). Mas estudos acadêmicos arriscam estimativas de custos anuais próximos de US$ 2 bilhões (valores atualizados) para a aviação em todo o mundo (The costs of birdstrikes to commercial aviation; Allan J, O. A.; 2001). No Brasil, adotando os mesmos critérios de tais estudos, estimativas conservadoras suscitam a valores acima de US$ 16 milhões/ano para a nossa aviação. Tais números são tidos como cautelosos, entre outros motivos, em razão da subnotificação dos eventos aviários no país.

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